quinta-feira, abril 30, 2009
Convite!
Paulo Lins em Suzano
segunda-feira, abril 27, 2009
Tô na correria
sexta-feira, abril 24, 2009
Eu na fita!
quinta-feira, abril 23, 2009
O dia de hoje!
quarta-feira, abril 22, 2009
Imagens da Roda
Última atividade
Prefácio de 85 Letras
Quando, em Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda falou no brasileiro como “homem cordial” provocou uma inesperada polêmica. Cordialidade, num país em que a violência é endêmica (e às vezes epidêmica) desde o período colonial? O próprio autor teve de explicar que cordial não quer dizer polido, gentil, bem-educado, e sim emocional – a palavra vem do latim “cor, cordis”, coração. Quando a desestruturação emocional junta-se a uma conjuntura social desfavorável – pobreza, desemprego, desigualdade, falta de oportunidade – nós temos aquela massa crítica que gera a violência, da qual as manchetes de jornal e os noticiários do rádio e da tevê registram diariamente. Esta violência também aparece na literatura brasileira, e em diferentes formas. Para os escritores engajados, como o Jorge Amado da primeira fase, tratava-se antes de mais nada de uma questão de miséria, de injustiça. Uma mudança significativa ocorreu com Rubem Fonseca. Ex-delegado de polícia, o autor de Feliz Ano Novo conhecia por experiência própria os bastidores do crime e foi assim capaz de descrever a violência como um fenômeno psicológico. O mesmo encontramos em Cidade de Deus, de Paulo Lins, do qual se originou o filme dirigido por Fernando Meirelles. Desta vertente faz parte 85 Letras e um Disparo, de Ademiro Alves, que todo mundo conhece como Sacolinha.
Nascido em São Paulo, em 1983, Sacolinha está ainda no início de sua carreira: começou a escrever em 2002 e já em setembro de 2003 tinha um conto premiado em concurso literário. Participou em antologias, e, inquieto ativista cultural, foi convidado, em 2005 a assumir a Coordenadoria de Literatura na Secretaria Municipal de Cultura de Suzano, S.P. Neste mesmo ano apareceu seu primeiro livro, o romance Graduado em Marginalidade. Sacolinha não é daqueles escritores que fica encerrado em seu gabinete, à espera de que o público lhe bata à porta. Vende livros na noite de São Paulo, dá palestras sobre literatura e questão racial, participa em eventos literários. Para usar uma expressão que fala de épocas libertárias, diríamos que se trata de um escritor engajado. 85 Letras e um Disparo é prova disso. O que temos aqui são histórias curtas (algumas linhas, no caso daquela que dá título ao volume) girando em torno à questão da violência. Violência que emerge, e isto o autor nos deixa claro, da conjuntura social em que vive o nosso país. Uma situação que Sacolinha descreve com realismo, mas também com humor e com ironia. Tomem como exemplo o começo do conto Traição na joalheria do shopping: “Nunca fui de trabalhar. Sempre investi nos assaltos e assim consigo me manter. Parceiro não tenho e, às vezes, quando necessito de ajuda num assalto, eu terceirizo a mão de obra.” O que temos aqui é a mistura de duas linguagens. Uma, a do marginal: “Nunca fui de trabalhar”. A outra é comicamente empresarial: “Sempre investi nos assaltos”, “terceirizo a mão de obra”. E mais irônico ainda é o final do conto, que não vou contar para não estragar a surpresa.
A primeira edição de 85 Letras e um Disparo, lançada em 2006, teve excelente repercussão. Nesta segunda edição, três novos contos aparecem. O aluno que só queria cabular uma aula mostra a revolta de um garoto contra a escola que ele vê como um lugar de opressão (um sentimento provavelmente partilhado por muitos jovens brasileiros). Quem tem medo de cagar não come é uma seqüência de desastres: “Num vendi livros, minha namorada com frescuras, os atrasos, a perda do meu celular, a louca tagarela ao meu lado me fungando, o bêbado, o motorista do ônibus me sacaneando e um monte de trabalhos em casa.” Mas, como diz o título (e que por sua vez é a frase de um bêbado), a vida é assim, é preciso enfrentar desafios deixando os receios de lado, porque “quem tem medo de cagar não come”. O terceiro conto tem um título curioso: Sulfato Ferroso. Para quem não, este é o nome do medicamento usado para tratar a anemia por carência de ferro, uma situação extremamente comum em países pobres como o Brasil. Mas aqui Sulfato Ferroso é o apelido de um capoeirista baiano que vem para São Paulo acreditando, como muitos outros, que vai melhorar de vida. Isto não acontece, claro, e a ruminação de Sulfato Ferroso sobre o seu destino é o tema do texto.
A maior qualidade de Sacolinha é sua espontaneidade. A linguagem ficcional brota dele naturalmente, sem frescuras, sem pretensões a grande literatura, ainda que ele seja influenciado por muitos bons autores. E esta espontaneidade, esta autenticidade são dignas de admiração. Estamos diante de um talento nato. Sacolinha ainda é jovem, tem uma longo caminho pela frente. Pois eu digo: acompanhem-no neste caminho. Ele levará vocês ao encontro do Brasil verdadeiro.
Moacyr Scliar
sábado, abril 18, 2009
Do livro 85 Letras e um Disparo!
Yakissoba
-
Sacolinha
Cheguei cedo naquele dia.
As contas já estavam atrasadas e a geladeira, vazia, há muito vinha pedindo alimento.
Precisava vender no mínimo uns quatro exemplares do meu novo romance.
Desembarquei no metrô Consolação às 20h. Segui sentido metrô Brigadeiro.
No caminho ia parando nos botecos e, com um jeito educado e brincalhão, sentava nas mesas e oferecia o exemplar: um “não” aqui, outro “não” ali... Nada de errado, o começo é assim mesmo.
Cheguei ao final da avenida Paulista. Passei para o lado contrário. Bom, pelo menos ali haviam duas universidades; poderia rolar algumas vendas. Estudantes instruídos, adeptos da leitura, acostumados a comprar livros de alto custo... Era o lugar certo.
Na primeira universidade os estudantes estavam em intervalo; alguns conversavam sentados no escadão, outros namoravam em frente à lanchonete.
Ensaiei algumas palavras e rumei para o escadão.
Trinta abordagens.
O resultado foi a minha saída de cabeça baixa daquele recinto. E, se elogio fosse dinheiro, sairia dali de bolso cheio.
A fome começou a roçar o meu estômago. Só haviam dez reais na carteira e com isso eu não conseguiria comer nem o churrasco vendido na calçada, já que o ditado capitalista diz: “Quem anda pela Paulista é quem tem dinheiro”.
Pobre de mim.
Passando em frente à segunda universidade, abordo três estudantes. Apenas um deles me dá atenção, enquanto os outros dois se entretém tirando fotos com o celular.
Depois de ler a orelha do livro, o rapaz de voz efeminada agradece e diz que está sem dinheiro:
- Nós somos estudantes camarada; estudante não tem grana.
Saí resmungando: “Não têm dinheiro, mas ficam trocando fotos entre os celulares”.
Continuei curtindo caminhada até o início da avenida, onde hoje está o Cine Belas Artes.
Entrei num bar e fui até o banheiro esvaziar a bexiga. Na saída fiquei paquerando uma empada toda murcha e cheia de rugas.
Não podia gastar o pouco que tinha no bolso e, se fosse pra comer alguma coisa, que comesse mais tarde, na hora em que não desse mais para continuar de pé. Qualquer bolacha dá pra enganar o estômago.
Uma nova abordagem:
- Licença e boa noite. Podem contar no relógio, não irá passar de um minuto. Eu não quero encher o saco de vocês.
A recepção nada me alegrou, mas continuei:
- Sou o fulano de tal e sou escritor, autor deste romance...
Enquanto as quatro pessoas folheavam o livro eu ía puxando a sardinha para a minha brasa:
- Já lancei no Rio de Janeiro, em Minas, no Ceará e semana que vem estarei indo lançá-lo na Bahia.
Nenhum deles dava atenção ao que eu dizia. Um outro desistiu de continuar folheando e deu um gole na cerveja. Apesar do barulho dos carros a passando pela avenida, consegui ouvir o som da cerveja descendo na goela do rapaz. Eu, que odeio cerveja, de repente senti uma grande vontade de beber uma. Era a sede que junto com a fome conspirava contra o meu organismo.
Tentei mais um apelo:
- Esses são os últimos exemplares da terceira edição.
A simpatia tomou o lugar das caras fechadas. Ouvi os seguintes comentários:
- Parabéns pela obra, mas estou sem dinheiro.
- Muito bonito esse livro. Mas você apareceu num dia ruim.
- Vai ficar pra próxima. Boa sorte nas suas vendas.
Pensei comigo: “Vendas, que vendas”?
Segui cantando: “Ando devagar por que já tive pressa e levo o meu sorriso, por que já sofri demais...”
Encontrei um boteco com muitas mesas. Um som ambiente alegrava as pessoas no local. Estudei os trajes e me aprumei nas conversas.
- Livro isso, livro aquilo...
- Se nós pensarmos que a reciprocidade da coisa...
- Houve muita redundância na Semana de Arte Moderna...
Ouvindo esses diálogos meus olhinhos brilharam. Finalmente iria vender uns livros.
Primeira mesa: não.
Segunda: você está por aqui todo dia?
Terceira: vamos deixar pra depois por que hoje a grana tá curta.
Quarta: Parabéns pela sua coragem.
E assim seguiu em todas as mesas. Não consegui me conformar. Ainda houve um momento em que um senhor com sua amante me disse:
- Depois de amanhã eu pego; agora só tenho dez reais para abastecer o carro e chegar em casa.
Enquanto ia me retirando o garçom trazia na bandeja o troco do senhor: trinta e cinco reais.
Saí balançando a cabeça.
Já iam dar dez horas e nem uma venda.
- Puta que o pariu.
Tinha que pensar numa nova estratégia; já menti, usei do exagero, aumentei os fatos e nada. Nem no cheque consegui venda.
E a fome à bailar em meu estômago.
Comecei a prestar atenção naquele macarrão dos japoneses. Sempre havia alguém em volta do carrinho comprando aquilo. Olhei a placa dos preços:
Pequeno: R$ 2,50
Médio: 4,00
Grande: 6,00
Nessas alturas necessitava de no mínimo duas porções grandes.
Venci a tentação e segui cogitando alguma venda. Quem sabe lá na frente não acho uma barraca de doces. Assim faço um lanche com três reais: é um suco e dois pacotes de bolachas.
Andei. Parei. Andei. Parei.
Nada de vendas e nada de barracas.
Passei novamente para o outro lado. Avistei um homem vendendo amendoim em cima de uma lata que servia de fogareiro. O mantimento vinha dentro de um pequeno cone.
Chamei o vendedor e enquanto perguntava o preço ia procurando moedas no compartimento da carteira.
- Um real e cinqüenta, meu companheiro.
Preferi não negociar. O cara teve a cara de pau de me cobrar um e cinqüenta numa pequena porção de amendoim, digna de mesa de boteco, e ainda me chamar de companheiro.
- Ah, vai tomar no cu!
Saquei a minha preciosa nota de dez, peguei o troco e sai mastigando amendoim desesperadamente.
Mais à frente, uma senhora me pára pedindo um vale-transporte. Falo que sou escritor e que estou vendendo meus livros. Quando vou mostrar um exemplar ela vira as costas e sai rapidamente.
Solto uma risada frouxa. Continuo na peregrinação.
O amendoim só aumentou mais o incômodo na barriga, despertou a dormência que amenizava a fome.
Bebi água morna numa padaria, o estômago doeu ao receber o líquido.
Parei na porta de uma famosa loja de hambúrgueres e kibes; analisei os valores. Nada que o meu dinheiro pudesse comprar. Para meu consolo, lembrei de um conhecido que quando trabalhava numa dessas lojas, costumava cuspir dentro do pão e passar o queijo geladinho em sua testa.
Cheguei na consolação. Prometi pra mim mesmo que só iria dar mais uma volta, quem sabe não estouro algumas vendas. O negócio é persistir.
E lá fui eu, rumo aos vários “não”, sentindo o fracasso daquela noite calorenta.
Agora andava devagar, parecia estudar os passos. A minha situação não me deixava avançar como antes. As pessoas que passavam por mim seguravam seus pertences. Comecei a cantar procurando desviar a atenção de tudo: da fome, das pessoas com medo de serem roubadas, da polícia que passava na viatura a me encarar, dos mendigos que se preparavam para dormir e dos “não” constantes. Só não conseguia desviar a atenção de uma coisa: daquele macarrão que os japoneses produziam na beira da calçada.
O cheiro acariciava as minhas narinas. Nunca comi esse tipo de comida japonesa. Imaginei comê-la naquele dia, assim matava a fome e a curiosidade.
Pensei em parar no próximo japonês. Caminhei, caminhei e nada. Cheguei no final da avenida Paulista e passei para o outro lado. Quando encontrei um, esse já desfazia a barraca. Notei o resto de macarrão dentro de duas sacolas. Senti nojo, mas nada que tirasse a minha vontade em encontrar um próximo “macarronês”.
Num certo momento da minha caminhada comecei a ter ilusão. Via barracas e barracas lotadas de orientais. Esfreguei os olhos e sentei por um instante. Acho que a fome está me deixando louco, preciso de algum alimento urgente.
Levantei e andei sem parar, com a mochila cheia de livros castigando as costas. Muitos japoneses haviam ido embora. Fui achar uma barraca de macarrão quase no início da avenida. A placa estava com valor diferente:
Pequeno: R$ 4,00
Médio: 6,00
Grande: 8,00
Protestei comparando valores. O japonês falou que o preço dele era aquele mesmo e que a essa hora só havia sua barraca.
Preferi não discutir:
- Me dá um macarrão pequeno.
- Isso no é macarron, é yakissoba.
- Tá bom, me dá isso aí logo.
Pra não rolar desconfiança, paguei e fui me sentar no degrau de uma agência bancária que havia em frente. O tal macarrão sumiu em um minuto. Não pensei duas vezes, já estava fodido mesmo:
- Dá mais outro aí.
Esse deu para mastigar e amenizar a fome. Até que é bom o macarrão japonês.
Terminei de mastigar e resolvi ir embora. Lá na periferia eu vendo mais livro do que aqui.
Passei meu último bilhete na catraca do metrô. O dinheiro na carteira só não havia zerado por causa dos cinqüenta centavos de troco do amendoim. Troco que gastei na baldeação no Brás (metrô/trem) comprando um suco feito com água do banheiro feminino. Sei disso porque trabalhei três anos ali e via as mulheres entrarem e saírem do banheiro com baldes de água; além disso, todas as barracas daquela estação não são abastecidas com água encanada.
Sentei na escada, num local onde dava pra ver a chegada do trem. Na hora em que o danado encostar vou me agarrar à porta, tenho que sentar de qualquer jeito, o meu corpo está dolorido ao extremo.
Como é bom sentir a barriga cheia... Oh maravilha.
Na próxima vez já vou levar o dinheiro do macarrão separado. Será que o tal de yakissoba é tão bom assim ou é por que eu estava com uma maldita fome?
O trem chegou. Desci a escada quase quebrando as canelas e fiquei em frente a uma porta aguardando a sua abertura. Odeio fazer isso, mas hoje eu preciso.
Corri, mas só sobrou um banco que é destinado aos velhinhos. Olhei para as cabeças procurando a branquidão dos cabelos. Não vendo nada parecido, sentei-me e disse em pensamento: “Ninguém tasca”.
Dei mais uma olhadela para me certificar. Tudo gente nova; os idosos já estavam sentados. Se entrar algum tiozinho ou tiazinha numa outra estação eu levanto. Num quero encrenca, odeio gente barraqueira, e no trem está cheio delas. Inclusive quando o vagão está lotado e eu estou de pé. Procuro ficar de frente pra porta e de costas pros passageiros. É você encostar na traseira de alguém e ser acusado de estuprador. Aí, tome porrada.
Abri o romance do Graciliano Ramos e quando estava me entrosando na leitura, o trem chega na estação Tatuapé. Vejo uma mulher entrando e começo a observá-la. Tem umas rugas e uns pés-de-galinha no rosto. Julgo que tenha os seus quarenta e tantos anos, mas parece mais idosa. Levanto-me rapidamente e dou lugar. Ela parece resistir, mas vendo o banco livre, agarra-o.
Nem me agradece. O rosto começa a mudar, creio que está ficando com raiva.
Saquei a dela e resolvi ir para o fundo do vagão. Vaidosa como todo brasileiro, simplesmente devia estar se perguntando se é velha demais para um jovem oferecer lugar a ela.
Sento no chão e me envolvo na leitura.
Depois da última baldeação em Guaianases, o trem me deixa no meu município.
Sem grana, e à essa hora, sem ônibus, vou a pé pra casa. No caminho tenho a infelicidade de ser abordado pela polícia. Intimamente dou risada; lá na Paulista eu é que abordava, aqui me abordam.
O policial que olhou dentro da mochila perguntou se eu era livreiro:
- Sou livreiro, editor, escritor, vendedor, modelo da capa do meu livro...
Ele deu risada. Perguntou o que eu fazia aquela hora na rua:
- Estou vindo da labuta. Estava em São Paulo tentando vender algum livro.
- E conseguiu? – Perguntou um outro policial.
- Que nada, lá só tem leitor de rótulo de cerveja.
Ao término da abordagem me ofereceram carona. Agradeci e fui caminhando. Chegar em casa de viatura não dá. Qualquer hora do dia ou da noite tem algum vizinho vigiando a vida alheia. Aí, quando o dia raiar é só fofoca:
- O filho da dona Cleide tava aprontando, chegou de madrugada na mão da polícia.
E vai saber qual é a dessas autoridades; tem dia que já chegam dando tapa na cara. Num dá pra confiar.
Cheguei em casa e me aliviei do peso da mochila; quem disse que cultura não pesa?
Olhei nas panelas e na geladeira; não há nada que me interessa. Também, depois dum macarrão daqueles...
Tomo um banho e escovo os dentes. O sono está igual galinha sendo cercada no terreiro: vem, não vem.
Deito no sofá e volto ao Graciliano Ramos. Minutos depois adormeço com o livro em cima da barriga e o pensamento no macarrão da Paulista.
sexta-feira, abril 17, 2009
quinta-feira, abril 16, 2009
quarta-feira, abril 15, 2009
Sexta-feira
De acordo com o coordenador do Centro Cultural, Ademiro Alves, o Sacolinha, os participantes formam uma roda em torno de uma fogueira e discutem sobre o tema proposto. Após o debate, a atividade é encerrada com uma sarau literário. Todos os moradores da região podem participar e dar sua contribuição com o debate. "As outras edições foram um sucesso, no decorrer da discussão surgiram idéias importantes relacionadas à literatura. Vamos continuar na mesma linha", destacou Sacolinha.
O Centro Cultural Boa Vista fica na avenida Katsutoshi Naito, 957, Boa Vista, Suzano, SP. Outras informações pelo telefone (11) 4749-7556.
Artigo meu
As palavras: o futuro dos livros e da literatura
Sacolinha
Antes das palavras, dos livros e da literatura, quero ressaltar aqui a cultura da leitura e do fazer literário. É justo lembrar que nenhum livro cai do céu, antes precisa ter o escritor e a idéia. E que, acima de tudo, o escritor precisa ser valorizado.
Cultura do imediatismo e da objetividade
Quero chamar a atenção do leitor para a atual e “massacrante” cultura do imediatismo e da objetividade. Vivemos num país onde tudo tem que ser rápido e produtivo. As máquinas que a partir do fim do século XX começaram a substituir o homem são prova disso.
Por que?
Porque ela produz mais e muito mais rápido que o seu próprio inventor.
Outro exemplo é o sucesso das redes de fast food, que cresceram assustadoramente por conta dos “lanches rápidos” que as pessoas fazem porque, ou têm que correr para o serviço, ou porque não tiveram tempo de preparar uma marmita em casa, ou por outros motivos, todos eles ligados à falta de tempo.
Pois agora vamos aos livros: Antigamente as obras literárias tinham naturalmente 700, 800, 1000 páginas. Tudo porque naquela época (1600, 1700, 1800) as pessoas não tinham tantas preocupações e ocupações, portanto, tinham mais tempo pra se dedicar àquilo que se propunham a fazer. Vale citar como exemplo o livro “Guerra e Paz” de Leon Tolstoi, que foi escrito de 1865 à 1869, tem mais de 1200 páginas e é uma das obras mais volumosas da história da literatura universal.
Quando chegamos ao século XX os livros começaram a diminuir para 300, 200, 100 e até 50 páginas, com imagens e enfeites (vale lembrar que a riqueza não são as imagens, são as idéias traduzidas em palavras). Cabe citar também a obra “A revolução dos bichos” de George Orwell, que fez um grande sucesso no mundo inteiro e é considerado um clássico da literatura universal. Passou uma idéia maravilhosa para o papel, uma verdadeira crítica social em pouco mais de 80 páginas.
Tivemos a invasão dos contos, mini-contos, haicais e frases para reflexão.
Augusto Monterroso, escritor guatemalteco, escreveu no ano de 1959 o menor conto do mundo contendo apenas 37 letras:
“Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá”.
Isso provocou uma série de escritores, intelectuais e pensadores que acabaram encarando este mini-conto como um desafio. E a partir daí nasceu uma enxurrada de pensamentos, frases e textos que falaram muito com pouco.
Como será daqui à 200 ou 300 anos?
Será que haverá tempo para dizer algo?
Que escritor vai se atrever a escrever histórias acima de 50 páginas?
Com essa enxurrada de notícias e informações que recebemos todos os dias e horas via carta, internet, rádio e tv, será que haverá leitores interessados em literatura?
Livro, meio ambiente e era DIGITAL
Antigamente, pelo andar da carruagem, e hoje, pelo andar dos carros, tudo caminhou e caminha para o fim do livro. Não digo do fim da literatura. No futuro talvez não haja mais lugar para esse dispositivo no formato ao qual estamos habituados.
Na era digital é justamente esse paradigma seqüencial e linear do livro impresso que está entrando em crise e não o livro propriamente dito.
Seja em madeira, argila, papiro, papel ou na tela do computador, não importa é livro do mesmo jeito. O homem escreveu seus primeiros códigos de comunicação em pedra, tijolos e madeira.
A idéia do fim do livro impresso pode se concretizar graças aos ambientalistas que logo cairão de protestos em cima da produção gráfica e editorial, pois nunca se produziu tanto como agora. São livros didáticos e pára – didáticos, técnicos e pedagógicos, ficção, romance, conto, crônica e poesia e etc. São milhões de páginas todos os dias e muita tinta para produzir centenas de livros e abastecer livrarias, bibliotecas, estudantes, universitários, profissionais e leitores vorazes.
A combinação de três fatores garantiu, a sua época, o sucesso do livro impresso em relação aos manuscritos: portabilidade, baixo custo e capacidade de ampla e rápida difusão. Como vimos esses dois últimos fatores atuam a favor dos meios informatizados. O único empecilho, no entanto, parece ainda ser a portabilidade. Os defensores do papel alegam que não dá para levar o computador para cama ou para o sofá, nem muito menos ler um livro digital no ônibus ou no metrô.
O que será então do tradicional formato do livro impresso quando a tecnologia conseguir telas de computador com a espessura de uma folha de papel?
O que não é difícil e nem está longe de acontecer. Há pessoas que, contentes, já pensam com o que vão ocupar o espaço onde hoje estão as estantes e os livros.
Infelizmente o livro ainda não é acessível á todos, mesmo com as milhares de bibliotecas, centenas de projetos de incentivo à leitura e milhões de discursos demagógicos. Imagine então se mudar o formato para meios informatizados como livro digital, book e áudio book?
Tirando do ponto de vista que é mais dificultoso e de alto custo o governo doar ou emprestar disc man, pen drive, lip-top e outros objetos informatizados.
Dentro de tudo isso colocado, gostaria de dizer que como escritor, acredito no livro como agente transformador do ser humano.
Dependendo de mim, o tradicional e atual formato do livro nunca terá fim.
Sacolinha tem 25 anos, nasceu na cidade de São Paulo e é formado em Letras pela Universidade de Mogi das Cruzes. É escritor, autor do romance “Graduado em Marginalidade” (2005) e do livro de contos “85 Letras e um Disparo” (2007) em sua 2ª edição pela Global editora. Atualmente trabalha como Coordenador Literário da Prefeitura de Suzano e administra o Centro Cultural Boa Vista.
segunda-feira, abril 13, 2009
Concurso Literário
quarta-feira, abril 08, 2009
Até segunda!
Entrevista para o Jô
Finalmente e graças a amiga Ricarda Goldoni, consegui a gravação da minha entrevista no programa do Jô. A Clawdia Lima foi a responsável por colocar no youtube.
Segue abaixo.
Parte 1
Parte 2
Vídeos de utilidade pública
Pavio da Cultura
5° Concurso Literário de Suzano será lançado no Pavio da Cultura
Por: Marcos Cirillo
Suzano, 8 de abril de 2009 – Aberto para todo o País, o 5° Concurso Literário de Suzano será lançado oficialmente pela Prefeitura de Suzano no próximo sábado (11/4), em uma edição especial do Pavio da Cultura. As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas até o dia 30 de junho, pessoalmente ou pelo correio, na Secretaria de Cultura de Suzano (Rua Benjamin Constant, 682 – Centro – CEP 08674-010).
Menores de 18 anos devem se inscrever com autorização dos pais. O regulamento completo estará disponível no site www.suzano.sp.gov.br ou no blog www.literaturanobrasil.