Me despeço de 2013 deixando um texto de balanço e de planos acertados. Só retorno aqui após o dia 20 de janeiro.
2013
foi um ano bom, mas poderia ter sido melhor!
Ano
de perdas, aprendizado, parcerias e de combate à inércia e ao marasmo cultural.
Estou
ainda muito comovido com a morte violenta, em Boiçucanga - SP, da pequena
Tainá, filha dos meus amigos Valter Passarinho e Leda Câmera. E sempre que a
vejo nas imagens tenho certeza que perdemos mais um anjo.
O
ano também deixa outras situações amargas em meio à política cultural. Ainda
não engoli o desserviço cultural da atual administração aqui em Suzano,
fechando avassaladoramente quase todos os espaços públicos culturais, inclusive
as bancas bibliotecas que dava a oportunidade daquele (a) trabalhador (a) pegar
o trem com um livro nas mãos.
Não
satisfeitos, fecharam em ação truculenta um espaço cultural independente, da
sociedade civil organizada.
Eu,
junto com a Associação Cultural Literatura no Brasil, parti para o combate, e
não me omiti ou fiquei do lado dos podres, visando um mero cargo de oficineiro,
onde as horas seriam superfaturadas. Até porque não acredito nesse tipo de artista,
da migalha, do favor. E nem acredito naqueles que ficaram omissos, em cima do
muro, vendo o circo pegar fogo.
Confesso
que fui muito perseguido, politicamente, mas só recuei pra tomar fôlego. Sei
que esse governo municipal aqui em Suzano veio na sede de locupletar, ou
melhor, continuar locupletando, né?
Não
bastasse isso, ainda aumentaram o valor do IPTU em até 100%, em uma sessão na
câmara, na calada da noite. E como última notícia de 2013, o secretário de
cultura marcou em silêncio, publicando no diário oficial do município por
obrigação, uma reunião que dará posse aos membros do Conselho Municipal de
Cultura. Esse conluio, ops, essa reunião será na próxima sexta-feira, dia 27 de
dezembro, às 17h30. Por que motivos numa data onde quase ninguém vai
comparecer?
Aqui
parece que tudo é deles, tudo tem as mãos deles, inclusive no Ministério
Público da cidade. E até agora não entendi a aliança municipal do PCdoB com o
DEM e o PSDB. Dois lados extremos, diferentes, com pensamentos que não batem em
ponto algum. Incrível esse acontecimento. Comunistas como Jorge Amado e
Graciliano Ramos, se estivessem vivos virariam hippies diante disso tudo.
É,
parece que o país do nunca é aqui. As coisas impossíveis só acontecem aqui em
Suzano. Que eles se matem entre eles mesmos, tentando ver quem rouba mais.
Diante
das perseguições, nos recolhemos, montamos estratégias, traçamos metas e
renovamos as energias. Fechamos parcerias sólidas que vão render projetos
duradouros e que vão mudar vidas e pensamentos. Isso é o que importa, isso é o
que a gente quer.
Um
dos nossos principais projetos para 2014 pretende mobilizar todos os escritores
da região que tenham livros publicados. Trata-se do 1º Encontro de Autores da
Região do Alto Tietê, que irá reunir em três dias de evento 120 escritores. Este
encontro ocorrerá em maio e será precedido por saraus, oficinas de criação
literária e a publicação de 1000 exemplares de uma antologia.
Outro
projeto relevante é a doação de um Kit literário contendo livros, vídeos e CDs
com poemas, contos e crônicas, para 300 escolas do Alto Tietê. Dessas, 80
escolas serão contempladas com palestras gratuitas de escritores e 10 escolas
receberão oficinas de criação literária.
Serão
desenvolvidas ainda oficinas de formação de mediadores de leitura para 400
professores da rede pública municipal e estadual. E a partir de janeiro Suzano
passa a contar com 4 saraus por mês, sendo dois em escolas estaduais, um no Jd.
Revista, meu bairro, e outro no Teatro Contadores de Mentira.
Nessas
intervenções nas escolas vamos selecionar novos autores para participarem da 3ª
edição do Vídeo Literatura, um projeto de áudio e vídeo onde os protagonistas
interpretarão seus próprios textos.
Vamos
trazer para a cidade de Suzano vários escritores nacionalmente conhecidos, com
o intuito de estreitar a relação do escritor com o público leitor.
A
Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de despejo – Diário de uma favelada”
completaria 100 anos em 2014. Vamos promover diversos projetos para comemorar
este centenário muito importante para a literatura negra e independente.
E
por fim vamos reinaugurar a nossa biblioteca comunitária no Jd. Revista, que
encerrou as suas atividades em junho deste ano devido à falta de repasse da
verba do 3º ano do edital de Pontos de Cultura, por parte da Prefeitura de
Suzano. Perseguição política? Não sei não...
Todos
esses projetos se iniciam em janeiro. A previsão de público a ser atingido é de
44 mil pessoas.
E
pra não dizer que não falei dos meus projetos literários pessoais, vou citar
alguns deles: Já iniciei a produção do meu novo livro de contos, o “Brechó,
Meia noite e Fantasia”, selecionado no edital do ProAC – Bolsa de criação
literária 2013. Esta obra terá 10 contos inéditos, produzidos dentro do projeto
comunidade do conto que irei desenvolver na escola estadual aqui do meu bairro
com o intuito de contribuir com alunos e professores na produção de textos.
Cada aluno participante produzirá o seu conto, e eu o meu.
Também
começo o ano na produção do meu romance “Cidade Graveto” que há 4 anos espera
pacientemente que eu sente e me dedique a ele. Já me programei pra isso. Este
romance vai ser ducaralho, pelo menos pra mim, que estou muito ansioso para
escrevê-lo. Talvez eu termine só em meados de 2015. Quanto à publicação, quem
sabe em 2016 ou 2017? Não sei, só tenho a certeza que neste novo ano ele será
bem adiantado. Disto eu sei!
Ah,
e se sobrar tempo e cabeça vou escrever o texto “Emancipação através da
leitura”, um livro que estou sendo cobrado há anos, e que vai analisar vários
textos que tratam da leitura no Brasil, além de fazer paralelos com os mesmos.
Este livro terá também planos de aulas e oficinas, bem como projetos de
mediação da leitura em escolas, associações, presídios estaduais e federais.
Pois é! O ano que vem
será pior, pior pra quem estiver em nosso caminho.