segunda-feira, abril 14, 2008

Eu conheco o medo

"... Porque o passado me traz uma lembrança, do tempo qu'eu era criança, que o medo era motivo de choro, desculpa pra um abraço ou um consolo"
Queridos e queridas. Essa semana que passou foi uma correria só. A lembrar de quinta-feira, 10 de abril, que iniciei minha oficina lá na Biblioteca Monteiro Lobato em Guarulhos. Costumo gastar 40 minutos de Suzano até lá, mas dessa vez gastei mais de 1 hora por conta da chuva. Eu pisava no acelerador e o carro não ultrapassava mais que 40 km por hora na Rodovia Ayrton Senna. E quando eu peguei a Dutra então, nem se fala, o limpador do pára-brisa não dava conta da água que caía feito um corpo pesado em cima do meu Poizé. E finalmente cheguei na biblioteca. Mesmo debaixo de chuva os interessados compareceram em peso. Lá pelas 21h acabou a energia e tive de encerrar obrigatoriamente esse primeiro dia. Chegando em casa, sem chuva pelo caminho, às 23h30 sentei na frente do computador e tome mais trabalho. Estou finalizando a organização do livro "Amor lúbrico - Textos para serem lidos na cama", a ser lançado em 28 de junho, com uma tiragem de 5 mil exemplares. O livro terá 22 autores de todo o Estado de São Paulo. Na sexta-feira, faculdade de manhã, trampo a tarde, reunião aqui e ali e de noite organizei um lançamento no Centro Cultural de Suzano, trata-se do livro "Astronave de Papel" o primeiro livro do amigo Cabral. Sábado fiquei das 10h às 16h na mesa de livros da Associação Cultural Literatura no Brasil, dentro do projeto "Arte na Rua" autografando livros, conversando com leitores e papeando com os artistas plásticos. A noite apresentei mais um sarau "Pavio da Cultura" que modestamente está cada vez melhor. Acordei cedo no domingo e às 8h já estava na rua pra ser um dos protagonistas do Setorial de Combate ao Racismo sediado aqui na cidade de Suzano e que vai escolher um Secretário Estadual e um Nacional de Combate ao Racismo. Paticiparam mais de 800 pessoas, eu fui um dos delegados. Saí dessa conferência às 17h. Cheguei em minha casa alguns minutos depois, pronto pra fazer algumas coisas e o mais rápido possível cair na cama e só acordar na segunda às 5h30. O problema é que meu computador não estava acessando a internet e precisava dela para dar prosseguimento em alguns trabalhos. Aproveitei e dei uma geral no meu escritório, tomei banho, jantei e... foi aí que tudo começou. Às 20h deitei com a felicidade de ir dormir cedo. Estou há mais de 3 semanas dormindo 4h por dia. Estava cansado e com sono. Achei que iria dormir logo. Mas sei lá o que aconteceu, perdi o sono e fiquei virando de um lado a outro, de barriga pra cima, de costas, virava o travesseiro, cobria a cabeça e nada. Comecei a sentir medo de algo. Sabe aquele frio na barriga? Ou aquelas batidas rápidas do coração? Foi assim que fiquei durante todo o fim de domingo. E pra ajudar tinha uma vigília na casa vizinha. Fiquei ouvindo aquela ladainha abafada que entrava em meus ouvidos e fazia eu lembrar daqueles cortejos de filmes antigos onde os parentes e amigos do defunto seguem a pé. Comecei a refletir sobre minha vida e infância, cheguei a pensar em tomar atitudes rápidas para conseguir dar conta de tudo que pretendo antes de morrer. Estão me entendendo? Sei lá, só sei que essa noite de domingo pra mim foi a pior do ano. Ficava ali na minha cama de casal, tentando lembrar quem foi o artista ou filósofo que disse que o medo que o homem tem é necessário para sua sobrevivência. Depende. O medo que senti não é necessário a ninguém. Quando levantei pela quinta vez para ir ao banheiro, já eram 23h45. Pensei em ligar para a minha noiva e desabafar, ouvir sua voz para me acalmar, precisava de alguém. Mas não liguei, acho que ela já estava dormindo. Não estava drogado e nem doente, pois quando estou com gripe forte (febre, dor de cabeça e corpo dolorido), eu tenho alucinações durante a madrugada. E droga nem pensar, sou tão careta que nem vinho eu bebo, o único tipo de alcool que coloco na boca é do Anti-Séptico Bucal depois que escovo os dentes, mas isso não deixa ninguém embriagado. Algumas pessoas dizem para eu não fazer tanta coisa, pois ou eu caio doente ou entro em estresse-depressão. Acho que nenhum e nem outro, as consequências das mil e poucas atividades que desenvolvo veio em forma de medo. Penso que foi isso que me fez dormir somente às 2h da manhã para acordar às 5h30. Por tudo isso é que comecei esse texto com essa frase da música "Poema". E pra evitar o medo essa noite vou abrir um livro e ler até eu cair de sono, e dormir ali mesmo com a cabeça em cima da escrivaninha. Além de eu estar ganhando tempo e mais conhecimento o livro neste momento é o meu único companheiro. Estou morrendo de medo de sentir medo.