sexta-feira, dezembro 10, 2010

Sentirei saudades

Manoel de Barros, Sobá, Umbu e Sopa Paraguaiana

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Eita porra! Não poderia terminar melhor essa 1ª fase do projeto de leitura nos presídios federais.
Imagina que o danado do Manoel de Barros, sabendo da nossa chegada (minha e da Maria Valéria Rezende) aqui na cidade de Campo Grande, pediu para que déssemos uma passadinha na sua fazenda.
E qual foi a minha surpresa quando chegando lá o poetinha já foi dizendo que me conhecia pela televisão e que já tinha lido "85 Letras e um Disparo" e recentemente "Peripécias de Minha Infância".
Caramba, maior honra vai ser difícil de encontrar. Na hora me amaldiçoei de não ter trazido a câmera. Ainda maquinei a chance de correr até o centro da cidade para comprar uma câmera, mas o tempo tava curto e eu não podia abusar da humildade do poetinha e nem dos agentes federais que nos levaram até o grande poeta brasileiro.
Essa já entrou para a minha história.
E vocês lembram daqueles irmãos, deputado e vereador do Rio de Janeiro, que foram presos acusados por estarem envolvidos com as milícias?
Aqueles da Liga da Justiça, que até inspiraram o filme Tropa de Elite 2.
Pois é, estão presos em Campo Grande e fizeram a nossa oficina. O filho de um deles também tá aqui. Todos os três presos, lendo cerca de três livros por semana cada um.
Achei o máximo. Agora só resta saber como eles vão usar todo esse conhecimento adquirido dessas leituras.
Bom, então depois do Manoel de Barros e dos nossos dois dias de trabalho na penitenciária, lá fomos nós na Feira Central de Campo Grande, conhecer o famoso Sobá e a Sopa Paraguaiana.
Do Sobá eu só digo uma coisa: Eu adorava Yakissoba... até conhecer hoje o Sobá. A partir de agora o Sobá pegou o 1º lugar e o Yakissoba perdeu espaço. Imagine que eu adorava aquele macarrão industrializado cheio de legumes e molho e hoje conheci um macarrão caseiro, com cebolinha, carne bovina, omelete fatiado e molho temperado. Mano, é apetitoso até umas horas. Comi logo um do grande que até agora estou estufado.
Mas ainda sobrou espaço para eu experimentar a Sopa Paraguaiana. Nunca tinha visto uma sopa sólida, parece até uma torta. Depois, pra espantar o calor que atingia os 40 graus, tomei um belo de um sorvete de Umbu, totalmente natural, sem conservantes, sem açúcar.
Quer final melhor?
Cada estado que passamos nesse projeto da UNESCO foi uma vivência diferente, mas a de ser convidado por Manoel de Barros e outras coisas mais, foi demais.
Fiquei sabendo que aqui tem o Festival do Sobá, duas vezes no ano. Falei pro taxista que nos trouxe até o hotel que os vencedores natos que se cuidem. No próximo festival vou vir pra cá e tirar o recorde de todos eles.
Podem apostar.