Ontem estive na Fundação Casa da Vila Maria, falando de literatura e fanzine para os internos. A palestra durou cerca de 1h30, dentro da oficina da professora Thina. Ao final do bate papo fizemos um pequeno sarau onde todos participaram, sem excessão, uns cantando, outros recitando e alguns na palma da mão. O Panikinho, coordenador das oficinas, através da Ação Educativa, também estava lá e mandou um rap.
Tudo foi bom, com excessão de uma coisa que fiquei sabendo na saída: os menores não podem ler na cela, têm que pedir permissão e quando cedido, são acompanhados. Uma das coordenadoras pedagógicas disse: - É pra eles aprenderem a ser homens.
Só rindo mesmo pra não chorar. Que coisa é essa de proibir a leitura de livros? Isso é um crime maior do que o cometido por todos eles.
Espero que trafiquem bastante livros lá dentro, que é o que eles têm de fazer mesmo. Trocar o cigarro, a violência e as conversas fiadas por livros. Conheço um ex-detento, amigo meu, que quando era trancado na solitária (sala pequena, escura e às vezes fétida), traficava livros pelo encanamento da privada. Hoje ele está em liberdade e é escritor.
Fica aí a minha denúncia e sugestão.
Fotos: Panikinho