Acabo de finalizar a leitura de mais um livro do Saramago, “A Caverna”. E estou no livro até agora, pasmo, com medo de mim mesmo e cheio de inquietações. Logo eu fui ter acesso a esse livro? Uma eterna criança com medo das contradições,
Dane-se. Não é eu quem sempre falo que devemos ler livros que estraguem a gente?
Então, A Caverna é um desses livros. Nele Saramago recria o “Mito da Caverna” de Platão, através da vida de uma família de oleiros que somente depois de ter os produtos totalmente rejeitados é que se libertam de uma caverna onde estão sentados num banco de pedra olhando sombras na parede, projetadas por uma fogueira atrás deles e que eles pensam ser somente isso o mundo.
O momento da leitura em que comecei a ficar mal foi quando Cipriano Algor, um dos protagonistas, encontra numa caverna embaixo de um shopping Center, seis corpos humanos acorrentados em bancos de pedra. Aí ele mesmo senta e começa a chorar. Não há nada mais triste, mais miseravelmente triste do que um idoso a chorar, ainda mais numa situação como esta, onde depois de mais de 60 anos ele descobre que foi enganado, sendo obrigado desde o berço a pensar assim, trabalhar assim, consumir assim e achar assim.
Acho que nunca sairei desse livro, e se sair não será ileso, pois estou desde ontem a procurar um lugar nesse mundo que não é uma caverna, inclusive creio que a maior delas está em nossa própria cabeça.
Vídeo do youtube que explica o que é o mito da caverna
Agora vou iniciar a leitura de “As intermitências da Morte” também de José Saramago, pois na terça que vem tenho um debate sobre ele.